Logo nas primeiras cenas de “Planeta dos Macacos: O Reinado” já fica clara a intenção dos novos condutores da cinessérie em manter o respeito e adequação do filme com o imenso lore da franquia que existe nos cinemas desde os anos 60. Mantendo o tom solene da trilogia “Origem, Confronto e Guerra”, misturados com referências visuais e sonoras do original, o longa inicia um novo caminho para os símios falantes.
Noa (Owen Teague) é membro de uma tribo de chipanzés que vive em função da criação de águias e de respeito a natureza, fazendo uma referência clara (no mundo dominado pelos macacos) aos nossos povos originários. Eles não conhecem o legado de César, mal tiveram algum contato com seres humanos (que chamam de ECOs) e vivem em paz em sua floresta, até que são atacados por um bando de outros símios, trogloditas armadurizados que declamam frases de Cesar enquanto assassinam os lideres do clã e capturam o restante dos moradores. Cabe a Noa, o único fugitivo do ataque, encontrar os seus, com a ajuda de uma humana (Freya Allan, fraquíssima) e de Raka, um orangotango pregador (Peter Macon, incrível) para salvá-los do grande perigo que é o reinado de Próximus Cesar (Kevin Durand, perfeito).
O diretor Wes Ball, que dirigiu todos os filmes de “Maze Runner”, até injeta uma boa dose de ação no filme e também alguns vícios de linguagem (porque será que este homem ama tanto shopping centers abandonados?), mas nada que prejudique a história ou a ambientação, que são a alma da franquia. Na verdade essas cenas alucinantes até casam com a ideia de que esta é uma aventura sobre adolescentes descobrindo duras verdades do mundo.
“Planeta dos Macacos: O Reinado” é um filme bonito, ágil e com uma história que, mais uma vez, nos faz questionar a nossa evolução, progresso desenfreado e até religião. Afinal, não é coincidência que no nosso mundo muitos cometem crimes e assassinatos em nome de divindades que pregavam paz e amor entre os homens, não?!
Rogério Montanare