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Estados Unidos reclassificam Houthis como entidade terrorista

Governo norte-americano afirma que medida visa o fim dos ataques a navios no Mar Vermelho, ao mesmo tempo que não dificultaria entrega de ajuda humanitária ao Iêmen
CNN Brasil
Foto Reuters

O governo dos Estados Unidos redesignou, nesta quarta-feira (17), os Houthis como uma entidade Terrorista Global Especialmente Designada (SDGT, na sigla em inglês) após os ataques contínuos do grupo armado do Iêmen.

Integrantes da administração federal ressaltaram que a designação SDGT tem como objetivo dissuadir os Houthis de novos ataques no Mar Vermelho.

Essa é a ação mais recente dos EUA contra o grupo apoiado pelo Irã, em um momento em que a tensão de uma guerra regional mais ampla no Médio Oriente aumenta.

“Estes ataques são um exemplo claro de terrorismo, uma violação do Direito Internacional e uma grande ameaça às vidas e ao comércio global, colocando em risco a prestação de assistência humanitária”, afirmou um alto funcionário do governo americano na terça-feira (16).

O governo dos EUA retirou a classificação de entidade Terrorista Global Especialmente Designada dos Houthis e tirou o grupo da lista como Organização Terrorista Estrangeira (FTO, na sigla em inglês) em fevereiro de 2021, já na administração de Joe Biden.

A administração de Donald Trump havia feito essas designações contra o grupo nas últimas semanas na Casa Branca.

Na época, o secretário de Estado, Antony Blinken, explicou que a decisão de remover essas classificações para o grupo foi motivada por preocupações de que ele poderia pôr em perigo a capacidade de prestar assistência crucial ao povo do Iêmen.

Blinken destacou que era “um reconhecimento da terrível situação humanitária no Iêmen”.

No entanto, a pressão aumentou contra o governo para que retomassem as classificações após os ataques no Mar Vermelho, que os Houthis afirmam ser uma retaliação pela ofensiva militar de Israel em Gaza.

Os ataques tiveram consequências para a economia global, uma vez que afetam uma das principais rotas comerciais do mundo.

O governo americano não voltou a listar os Houthis como organização terrorista estrangeira.

Entenda o que significa a classificação

Ambas as designações de grupos terroristas desencadeiam sanções econômicas, mas apenas uma designação de Organização Terrorista Estrangeira impõe uma proibição de viagem aos membros do grupo e autoriza sanções àqueles que lhe fornecem “apoio material”, de acordo com o Departamento de Estado.

“Acreditamos que a designação SDGT é a ferramenta apropriada neste momento para pressionar os Houthis”, pontuou um alto funcionário da administração federal.

A autoridade destacou que a classificação de entidade Terrorista Global Especialmente Designada permite “melhor flexibilidade” para atingir os Houthis, ao mesmo tempo que minimiza o risco para a ajuda humanitária.

A designação SDGT reimposta entrará em vigor 30 dias a partir de quarta-feira, explicou a fonte, “para nos permitir garantir que sejam implementadas divisões humanitárias robustas, para que a nossa ação tenha como alvo os Houthis e não o povo do Iêmen”.

Outra fonte do governo afirmou que a administração realizará atividades de divulgação durante esse período de 30 dias para organizações envolvidas na ajuda humanitária ao Iêmen, onde 21,6 milhões de pessoas necessitavam dessa assistência em 2023, de acordo com o Programa Alimentar Mundial.

As autoridades disseram que a designação não pretende impactar a frágil trégua no Iêmen entre os Houthis e a coalizão liderada pelos sauditas.

Eles também argumentaram que a designação de terrorista faz parte de um esforço mais amplo para fazer com que os Houthis parem os seus ataques no Mar Vermelho.

“Se observarmos o fim dos ataques Houthi a navios, estamos dispostos a considerar que esta designação é muito direcionada a esse comportamento terrorista específico. Também estaríamos dispostos a considerar que isso não teria efeito se os Houthis parassem amanhã”, pontuou uma das fontes.

“Nosso objetivo é absolutamente o fim desses ataques, em vez de um conjunto mais amplo de comportamentos com essas sanções”, adicionou.

EUA e Reino Unido atacam os Houthis

Na quinta-feira passada, os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram ataques contra alvos Houthi em áreas controladas pelo grupo armado no Iêmen.

O presidente Joe Biden disse que ordenou a ofensiva “em resposta direta aos ataques Houthi sem precedentes contra navios internacionais no Mar Vermelho”, acrescentando que “não hesitaria em direcionar novas medidas para proteger o nosso povo e o livre fluxo do comércio internacional, conforme necessário”.

Os EUA realizaram mais ataques contra os Houthis nos dias seguintes.

Funcionários do governo americano têm afirmado repetidamente que veem estas ações como defensivas e não como escaladas no conflito.

“Quando os Houthis iniciaram estes ataques, pressionamos muito para que parassem, mas sem qualquer tipo de escalada”, destacou o secretário de Estado, Antony Blinken, à CNBC na terça-feira.

“Este foi um ataque ao comércio internacional, ao transporte marítimo internacional, não um ataque a Israel, não um ataque aos Estados Unidos. É por isso que mais de 40 países se uniram para condenar o que os Houthis estavam fazendo”, argumentou.

“É por isso que outros países se uniram para dizer que, se isto continuar, haverá consequências, não com o propósito de aumentar a escalada, mas com o propósito de fazer com que parem”, adicionou.

“Não queríamos ver uma escalada em lugar nenhum desde 7 de outubro [início da guerra de Israel]. Estamos trabalhando todos os dias para evitá-lo, inclusive no Mar Vermelho”, concluiu.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

Tiago Tortella – CNN Brasil

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